quinta-feira, 30 de julho de 2009

A crise....



“A crise psicótica esgarça a trama tecida pelo tempo, irrompe, rompe, paralisa, impõe
seu tempo, sua realidade, seu princípio de “irrealidade”. A psicose nos defronta com o
problema da ruptura: o diálogo interior entra em crise, está cindido, feito em pedaços,
fragmentado, desmantelado, disperso. A experiência psicótica de um mundo que explodiu em
pedaços é a exteriorização de um cataclismo interior, de um tempo apocalíptico que viola as
barreiras do exterior. Há um momento em que é difícil “situar” os fragmentos, saber se estão
“dentro” ou “fora”; alguns, ligados à função linguística, continuam seu discurso autônomo e
dismórfico, mas “em outro lugar”, em outros espaços, em outros tempos, em outros
“mundos”. Da mesma forma que se perde o horizonte que delimita subjetividade e
objetividade, perde-se também a “objetividade”, o sentido da realidade; os objetos internos se
confundem com os externos, isto é, perdem sua alteridade, alienando a condição de sujeito
pensante e que sente. As noções de alteridade e identidade entram em crise e se extraviam. O
ser, submergido na situação, perde sua visão interior, ponto de partida de uma concepção
ontológica de “homem interior” (Plotino) e do conceito de “insight” (Freud). Na crise se
adquire uma perspectiva espaço-temporal que não segue necessariamente as regras e leis da
geometria euclidiana. As perspectivas, os valores categoriais são “outros”, reinventados ou
diferentes, na situação de crise." (RESNIK, 1986, p. 50).

Iniciei este post com este texto pois ele retrata claramanente o que é um surto psicótico. A pessoa não distingue o que é real e o que é imaginário, não diferenciando os seus pensamentos internos com o que está acontecendo realmente, vendo a realidade de maneira distorcida, não entendo o que ele está vivendo no momento.

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